Aventuras e desventuras de uma professora

Respondidos os coments, vamos aos últimos acontecimentos na vida da Deanna causadores da turbulência:

Recebi mais alunos para avaliar e a maioria com um mooonte de dificuldades. Aula, testes e chegada de alunos novos, tudo ao mesmo tempo... Com esta situação eu já estava acostumada. Porém, numa quinta- feira durante uma avaliação a aluna me diz:
-Não estou me sentindo bem...
-O que você está sentindo? Perguntei.
-Não sei direito mas eu hoje já não estava bem antes de sair de casa. Posso beber água?
-Pode, mas você não gostaria de ser dispensada da aula? Peço para alguém acompanhar você até em casa ou para alguém te buscar.
-Por favor, ligue para a minha patroa para me buscar.
Eu não estava com meu telefone na bolsa e uma aluna se ofereceu para ligar, mas não obtivemos resposta. Ela continuou tentando e "Rolando Lero" me solicitou no fundo da sala . Assim que cheguei até sua mesa outra aluna gritou:
-Ela piorou, professora!
Desci correndo a rampa para buscar socorro mas a diretora achou que estávamos exagerando e que não era necessário chamar socorro. Um aluno( o do pai alterado que virá a seguir) desceu com a aluna nos braços e ela já estava com as mãos entortadas para dentro, o corpo enrijecido e um pouco frio. Enquanto eu a socorria procurando acalmá-la, outra aluna ligou para um número e uma médica veio ao telefone e falou com a aluna que passava mal. Antes porém, falou com a diretora( que até então não tinha visto a garota deitada no sofá na sala ao lado). Elas conversaram e aos poucos a situação pareceu voltar ao normal. Finalmente consegui falar com a patroa, expliquei o acontecido e o marido da aluna veio buscá-la. Ela já retornou às aulas, está tomando um antidepressivo fortíssimo de tarja preta e a médica está investigando um possível avc.


Na sexta a seguir tive uma forte enxaqueca que me abateu, deixando-me acamada. Avisei à diretora. Adivinhe o que aconteceu neste dia? Houve fiscalização e ela parece não ter avisado sobre minha ausência e olhe que é muito raro eu faltar...Conclusão: Levei falta na vistoria.


Na quinta a seguir um casal de alunos compareceu avisando que faltaram às aulas porque o filhinho estava muito doente e estivera internado. Conversei com eles sobre a criança e perguntei:
-E hoje, com quem ele ficou para vocês virem à aula?
-Está com a avó.
Na sexta logo no começo da aula ficamos sabendo que a criança morrera. É que segundo alguns alunos da comunidade a doença se espalhou rapidamente por dentro e precisariam fazer autópsia. A tia do menino que é também minha aluna, estava bastante triste e abatida pois segundo ela a doença teria cura se o casal tivesse buscado logo o socorro. Pediu para ir embora e teve uma queda de pressão chegando quase a desmaiar enquanto se despedia de mim, a turma veio ajudar e ficamos bastante preocupados. Pouco depois fiquei sabendo que ela não gosta de ir ao médico e se automedica.

O pai de um outro aluno não satisfeito com o resultado do filho foi na quarta para saber sobre a reprovação. Fora chamado por diversas vezes e nunca aparecera durante o ano letivo. O rapaz também não apareceu para pegar os resultados com a professora do ano anterior. Ela pediu transferência e..... levou as provas e a freqüência do sujeito. A diretora não sabia o que dizer e a coordenadora neste dia não estava presente. Quem precisou conversar com o cidadão? Quem? O homem estava bastante alterado e minha turma me esperando por uma hora e meia. O fato é que ele não aceita as dificuldades do filho. Liguei para a professora e ela foi à escola no dia seguinte e levou todos os papéis. Nos foi solicitado pela escola um relatório para nossos superiores explicando a situação, uma vez que o pai disse já ter feito a denúncia( aliás, já foi mais de duas vezes no local e o engraçado é que aquele caminho ele conhece). Na quinta ele veio novamente mas não o vi. Neste mesmo dia chamei o aluno para uma conversa séria e fiquei sabendo que o pai não sabia "da missa a metade": O aluno gastou o dinheiro do livro com outras coisas, jogara seu caderno do ano anterior fora, não buscara o resultado, não estudava porque não queria e o principal: Ele não contava tudo para o pai. Falei para ele:-Da próxima vez que eu for falar com seu pai, quero você bem perto de nós e não na sala ou em casa como sempre acontece. Assuma sua vida logo antes que você perca completamente a chance de estudar. Eu fiquei sabendo antes que o pai pediria transferência do filho e que nós não queríamos "dar um jeitinho". Porém, na sexta o menino estava presente na aula, tranqüilo, aliás, como sempre esteve. E eu:
-E então?
-Houve o maior bate boca lá em casa. Eu quero ficar aqui.

A propósito, Rolando Lero está dando tudo de si lá na quinta e já me disse que vai ajudar o aluno do pai nervoso todos os dias na escola.

Como falei para o Marcos do Esculacho e Simpatia, as histórias do colégio dariam um livro (de memórias) he he. Imaginem vocês que já são quase 20 anos de situações absurdas nas quais eu mesma, às vezes, nem acredito...

Depois disto tudo, com um tensão enorme na coluna, resolvi finalmente malhar. Agora é sério. Estou fazendo uma hora e meia por dia de ginástica localizada com musculação alternando com spinning. No primeiro dia parecia que um trator passara sobre meu corpo. Acordo sempre disposta.....disposta a não ir para a academia. Mas é um mal necessário e já estou começando a entrar no ritmo visto que em casa não tenho disciplina para os exercícios.

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